Popularmente conhecido na Região Nordeste, o Repente acaba de ser reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil. A manifestação cultural se traduz no diálogo poético em que dois artistas se alternam cantando estrofes improvisadas sobre situações cotidianas. O registro ocorreu por unanimidade, nesta quinta-feira (11.11), durante a 98ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que integra a estrutura do Ministério do Turismo.
O ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, destacou o compromisso com a proteção e a preservação da história e identidade do povo brasileiro. “Eu, como nordestino e pernambucano, estou muito feliz com mais essa expressão cultural em nosso rol de patrimônios. Com mais este registro, reconhecemos a relevância do Repente em âmbito nacional, uma vez que aporta elementos importantes para a memória e identidade do nosso país”, disse.
Com o reconhecimento do Conselho Consultivo, o Repente é inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão, onde também estão registrados bens como a Roda de Capoeira, o Maracatu Nação (PE), o Carimbó (PA) e a Literatura de Cordel. Com isso, o Repente passa a ser alvo de políticas públicas para a salvaguardar a manifestação, que devem incidir ainda sobre um universo de bens associados como a Embolada, o Aboio, a Glosa e a Poesia de Bancada e Declamação.
A presidente do Iphan, Larissa Peixoto, destaca que a manifestação também tem espaço em outras regiões do país. “É motivo de grande alegria ter as rimas e os versos do Repente adentrando o rol do Patrimônio Cultural do Brasil, tanto por sua importância histórica quanto pela beleza da poesia e da música da manifestação. O Repente tem seu lar na Região Nordeste e, também, em outras capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, para onde as migrações nordestinas levaram essa arte. É uma manifestação que se tornou uma das faces do Brasil”, comenta.
O REPENTE – Uma apresentação de repentistas, acompanhados de violas, é geralmente dividida em baiões, sequências em que as estrofes são cantadas alternadamente pelos poetas, mantendo a modalidade de estrofe, a mesma toada e o mesmo assunto. A cada baião, os repentistas respondem a provocações e desafios do parceiro e a demandas e reações da plateia, que propõe temas e modalidades a serem desenvolvidos pela dupla. A expressão cultural mantém vínculos históricos com as narrativas orais e encontra-se em estreita relação com outras poéticas vocais, como a literatura de cordel.
Há registros da prática do Repente desde meados do século 19 nos estados de Pernambuco e Paraíba. As ocorrências mais antigas têm origem na Serra do Teixeira, na Paraíba. No início do século 20, a manifestação teve importante papel na difusão do rádio na região. Até então, a maior parte dos repentistas tinha origem rural, vivendo no interior e cantando para plateias camponesas.
FONTE: MINISTÉRIO DO TURISMO.