
Com 360 mil brasileiros no país europeu, queixas de xenofobia cresceram 142% no últimos anos. A herança colonial alimenta intolerância, somada ao preconceito linguístico, racismo e misoginia. “Só descobri o que é ser uma pessoa racializada aqui”, afirma a brasileira Priscila Valadão, que mora há 10 anos em Portugal. “Já fui chamada de macaca, puta, falam que a minha certidão (de naturalização) é de plástico.”
Ela relata ainda que, enquanto caminhava na rua, um homem português, ao notar que ela falava com sotaque brasileiro, gritou: “volta para sua terra” e a agrediu com uma bengala. “Vivi, trabalhei e criei meus filhos aqui, mas não me sinto em casa, percebi que nunca vou ter direito a ser como os portugueses”.
Um balanço da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial aponta que em 2021, foram registradas 109 queixas de xenofobia contra brasileiros em Portugal, uma alta de 142% na comparação com 2018, quando houve 45 denúncias.

Os casos vão desde situações veladas como dificuldade em alugar um apartamento, conseguir trabalho ou acessar serviços de saúde, por exemplo, a pedidos para falar em inglês ao invés do português brasileiro, até ofensas explícitas e agressões. Alta na imigração alimenta tensões
O fluxo migratório em Portugal disparou a partir de 2015, quando o total de estrangeiros passou de 383,7 mil para mais de 1 milhão em 2023. Assim, os imigrantes passaram a compor cerca de 10% da população do país. Desses, 360 mil são brasileiros, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, e representam a principal comunidade estrangeira no país.
Apesar da alta, a presença de brasileiros é vista como indesejada por uma fatia considerável da população portuguesa. Segundo uma pesquisa da Fundação Francisco Manual dos Santos, 38% dos portugueses consideram que os brasileiros trazem desvantagens ao país e 51% afirmaram que a entrada de desses imigrantes tem que diminuir.
SAIBA MAIS: https://g1.globo.com/turismo-e-viagem/noticia/2025/04/15/volta-para-sua-terra-o-cotidiano-de-xenofobia-contra-brasileiros-em-portugal.ghtml
FONTE: G1 VIAGEM